Na internet, eles não têm nome verdadeiro, muito menos menos sobrenome. mas podem ser encontrados com relativa facilidade nas redes sociais e até em raps no YouTube. Sempre exibindo seus feitos, comemorando os lucros e debochando das vítimas – que pode ser qualquer internauta, inclusive você. Bem-vindo ao mundo dos "Rauls".
Raul, coletivo raulzada, é como os golpistas digitais de todos os tipos se autodenominaram no submundo do cibercrime virtual. Com diferentes especializações e métodos, o que os une é o desejo por dinheiro fácil e rápido e o lucro – muito lucro, que estão obtendo com os golpes online. Só nos primeiros seis meses deste ano, a Federação dos Bancos admitiu perdas de 685 milhões de reais com golpes – contra apenas 55 milhões em roubos armados.
O cibercriminoso brasileiro é diferente dos outros porque jamais pensa no longo prazo - ele é, sobretudo, imediatista. O leque de truques da raulzada é amplo. O brasileiro é bastante criativo. Como exemplo, cita-se o fato de os Rauls terem sido os primeiros do mundo a usar o Twitter como plataforma de controle para um malware – o código do Cavalo de Tróia (trojan) foi feito de tal forma a consultar um perfil na rede social para obter instruções de como se atualizar. É um processo de custo baixíssimo e bem eficiente. Enquanto ninguém denunciar o perfil (o que pode nunca acontecer, já que não é seguido por ninguém), o Twitter não tem por que removê-lo. Antenados com o crescimento do Facebook, os golpistas também estão migrando para essa rede.
Os Rauls foram pioneiros também em códigos maliciosos (neste caso, um rootkit) contra Windows 64-bit, tido como muito mais seguro que o 32-bit usado pela maioria dos internautas.
Outra criação do cibercrime brasileiro é o phishing personalizado em massa. Após o roubo (ou vazamento) de milhões de dados pessoais, os golpistas conseguiram montar um enorme banco de dados combinando e-mails com o número do CPF. Nos últimos meses, milhões de internautas receberam e-mails, supostamente de seus bancos ou da Receita Federal, com seu nome completo e CPF, o que deu uma verossimilhança muito maior ao golpe. E-mails com "intimações da Justiça", também fazem sucesso, sem falar no velho e ainda incrivelmente eficaz "veja fotos da sua(seu) namorada(a) te traindo". Mesmo velhos, esses golpes continuam circulando a toda, um sinal claríssimo de seu sucesso.
Ao clicar sobre o link com a tal ameaça/oferta, geralmente a pessoa é levada para um site que pede para baixar/executar um programa. Ao insistir em ver o tal conteúdo, o internauta roda um malware que se instala no sistema e desaparece. Sem entender o que aconteceu (nada), a vítima fica sem saber que agora seu PC está sendo monitorado por um Raul, que tem acesso a simplesmente tudo o que é digitado na máquina. Os vírus estão ficando mais sutis, a ponto de ser quase impossível perceber a presença deles na máquina.
Outro malware, bem mais sofisticado, altera as configurações do navegador e redireciona todo acesso daquele PC para um servidor intermediário, chamado proxy. Assim, quando o internauta digita www.banco.com.br, é desviado para uma página clonada – e o golpe está completo. Esse vírus é particularmente perigoso por fazer uma operação considerada legítima pelo Windows (uso de um proxy) e nem sempre ser detectado pelos antivírus, já que os criminosos atualizam o malware sempre que ele começa a ser barrado pelos programas.
Injeção de código
Outro golpe muito comum no País é a contaminação de um site – qualquer site, diga-se – com código malicioso. Ao visitar a página, o internauta que não tiver a última versão do Java(software quase onipresente que praticamente ninguém se importa em atualizar) pode ser contaminado sem nem imaginar o que houve, automaticamente. Até quem atualizou pode ser infectado, caso mande executar o programa, que engana o usuário dizendo ser essencial para executar algo na página, por exemplo. Muitas vezes, os donos do site nem ficam sabendo da injeção de código, pois os cibercriminosos retiram o malware antes de levantar suspeitas.
Outro golpe muito comum no País é a contaminação de um site – qualquer site, diga-se – com código malicioso. Ao visitar a página, o internauta que não tiver a última versão do Java(software quase onipresente que praticamente ninguém se importa em atualizar) pode ser contaminado sem nem imaginar o que houve, automaticamente. Até quem atualizou pode ser infectado, caso mande executar o programa, que engana o usuário dizendo ser essencial para executar algo na página, por exemplo. Muitas vezes, os donos do site nem ficam sabendo da injeção de código, pois os cibercriminosos retiram o malware antes de levantar suspeitas.
Atualmente, o Brasil é a pátria dos trojans bancários – os vírus cuja única função é roubar seu dinheiro. Segundo a Kaspersky, em 2010, 36% de todos os malwares desse tipo no mundo foram criados aqui pela raulzada. Estão ficando tão bons que agora até exportam malware para países como Portugal e Cabo Verde.