Com a recente série de invasões a sites governamentais, agora só se fala dos “tais hackers”, que estão sendo pintados como os grandes vilões dos nossos tempos.
Meu receio é de que estejamos alimentando uma imagem distorcida sobre o que é ser um hacker.
A cultura hacker nasceu nos laboratórios de universidades da costa leste dos Estados Unidos nos anos 50 e 60. É o que conta Douglas Thomas em um livro chamado “Hacker Culture”. Segundo o autor, os programadores tentavam fazer tudo ao seu alcance para conseguir mais recursos computacionais. Daí os “hacks”, as soluções encontradas, as suas “façanhas” computacionais.
Thomas escreve: “como uma cultura jovem, os hackers estão continuamente procurando formas de perturbar ou romper autoridades e desafiar qualquer entendimento ou representação de quem eles são” (tradução livre).
No meu entendimento, ser hacker é algo para motivo de orgulho. Penso nos hackers que fizeram grandes contribuições à história da computação.
Bill Gates, Steve Wozniak e Linus Torvalds são hackers. Dá para colocá-los no mesmo barco dos caras que invadem servidores para roubar dados lá armazenados? Claro que não, esses ladrões da era virtual são crackers.
Outro livro interessante sobre o tema é “Hackers: Heroes of the Computer Revolution”, de Steven Levy.
O autor conta que, quando escreveu o livro (a primeira edição é de 1984), o termo era obscuro. Por acharem que dificultaria as vendas com o argumento de “Quem sabe o que é um hacker?”, chegaram a sugerir até que mudasse o título.
De acordo com Levy, o termo depois se popularizou com uma conotação negativa, problema que teria começado com prisões de adolescentes que fizeram invasões de sites governamentais ganhando uma ampla cobertura na mídia.
“Foi entendimento dos jornalistas que cobriam essas histórias que se deveria referir a esses jovens como hackers, já que era assim que eles próprios se identificavam”, escreve no livro (tradução livre).
Para marcar os 25 anos da publicação da obra, Levy revisita a história e relata (em um texto que depois foi publicado na revista Wired) que sua ideia era escrever sobre essas pessoas que usavam o computador como instrumento de inovação e criação e não para roubo e vigilância.
Levy se refere a eles como verdadeiros hackers: hackers como Gates e Wozniak. “O tipo de hacker sobre o qual eu escrevi era motivado pelo desejo de aprender e construir, não roubar e destruir”, diz um trecho da reportagem (tradução livre), disponível neste link aqui, em inglês.
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