Chamados de “chupa-cabra” ou “gatonet”, os decodificadores genéricos que
prometem liberar o sinal das TVs pagas e permitir acessar todos os
pacotes de canais gratuitamente se tornaram um sucesso de vendas em
sites de leilões e no varejo popular. Quem caminha pelas ruas da Santa
Ifigênia ou navega por sites de comércio eletrônico encontra com
relativa facilidade dispositivos como o Azbox, Lexusbox e Azamerica.
Uma
vez acoplados a cabos de TVs como NET, SKY e TVA, esses equipamentos
são capazes de liberar o acesso a toda grade de canais destas
operadoras. Para funcionar, o usuário geralmente assina um pacote básico
de TV paga, recebe o cabo da operadora em sua sala e, então, substitui o
decodificador original pelo falso, que contém códigos para liberar o
acesso a todos os canais.
Por fomentar a pirataria, o comércio desses produtos foi proibido
pela Justiça Federal no fim de 2011 e, naturalmente, nunca foram
homologados pela Anatel, agência que autoriza (ou não) a venda de
qualquer dispositivo eletrônico no Brasil. Apesar da proibição legal,
esses produtos podem ser encontrados com facilidade.
Na Santa Ifigênia, região reduto da tecnologia em São Paulo, os decodificadores estão a poucos passos de qualquer um.
Mesmo quando não pode ser visto numa vitrine, uma pergunta sobre
“gatonet” para ambulantes será o suficiente para que o consumidor seja
conduzido até alguma lojinha que tenha o aparelho. Ou, ao menos,
receberá indicações de como chegar até uma delas.
Os
vendedores mais jovens não têm receio de falar sobre o equipamento. Dão
instruções sobre como fazer instalação, parcelam o pagamento do produto e
até oferecem garantia caso o consumidor não consiga fazer o
decodificador funcionar de modo adequado em sua casa. Os aparelhos são
achados por preços entre 350 a 500 reais.
Os balconistas
não omitem um problema recorrente que afetam esses produtos: a troca de
códigos, realizado periodicamente pelas operadoras. Para driblar os
piratas, as operadoras mudam de tempos em tempos os códigos que permitem
acessar os canais de TV paga e atualizam apenas os decodificadores
“oficiais”, fornecidos por elas mesmas aos consumidores. Quando isso
acontece, o gatonet deixa de funcionar, mas apenas temporariamente. Os
próprios vendedores do centro da cidade ensinam o consumidor a burlar o
sistema e indicam sites que publicam atualizações para os
decodificadores falsos.
De fato, quem pesquisar na web não
terá dificuldade em encontrar fóruns onde este tipo de informação
circula livremente..Um dos
profissionais da Santa Ifigênia explicou que trabalha há quatro anos com
este tipo de produto e nunca teve problemas, bem como seus clientes.
“Quando uma atualização faz seu gatonet falhar, você vai na internet,
pega os novos códigos e atualiza o decodificador usando apenas um pen
drive. É fácil e rápido”, diz o vendedor, que pediu para não ter seu
nome divulgado.
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