No intervalo médio de leitura desta reportagem, alguns milhões de piadas e imagens vão entupir redes sociais, como Facebook e Twitter. No tempo investido para ler uma revista, o equivalente a nove meses de material de vídeo terá sido enviado ao YouTube.
Não há dúvida de que o grosso desse conteúdo será visto por pouquíssima gente antes de escorrer até o fundo do baú das coisas do mundo virtual. Uma pequena parte, porém, terá um destino mais memorável, o dos fenômenos instantâneos da internet. Mas qual parte será essa?
Pode ser uma piada, uma foto engraçada, um vídeo acidental — nuances à parte, a história de virais de internet é mais ou menos a mesma. Sem nenhum esforço de marketing, eles surgem do nada para se espalhar como vírus, chegando a milhões de pessoas num piscar de olhos.
Virais, ou “memes” da web, estão entre os maiores fenômenos culturais da última década (“Você viu esse vídeo?”). A mecânica dos memes e as razões de seu sucesso, porém, são questões envolvidas por grande mistério. Como funcionam? O que há em comum entre um bebê que ri descontroladamente, um gato ao piano e um comercial sem Luiza, em viagem ao Canadá?
De autoria do zoólogo inglês Richard Dawkins, a definição de meme surgiu em meados dos anos 70. Para ele, os memes estariam para a cultura como os genes estão para a genética: uma ideia, um estilo ou um comportamento que se espalha de pessoa para pessoa.
Nesse sentido, muitas coisas podem ser memes, de seitas religiosas a uma piada entre amigos. Quase 40 anos depois, o conceito de Dawkins ainda dá nome aos bois. Mas pouco serve para explicar o fenômeno dos hits da web.
Autor de livros sobre internet e professor na Universidade de Nova York, Clay Shirky é um dos principais pensadores a estudar hoje o comportamento das massas em tempos de redes sociais. A web, obviamente, não é a primeira mídia a mudar a maneira como humanos se comunicam — basta pensar na chegada do rádio ou do telefone.
Mas ela possui particularidades. Como nenhuma outra mídia, ela é ótima em formar grupos — e estabelecer comunicação entre seus integrantes. Para pesquisadores como Shirky, essa combinação apresenta um novo padrão de consumo de mídia e ajuda a entender o caminho dos memes.
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